Asas do Delta na Argentina: 14o dia: De Sorocaba - SP para Curitiba

Saímos tarde da casa do Manga e da Maria, talvez por que não quiséssemos, de alguma forma, ir embora daquele ambiente maravilhoso que nos rodeava. Tivemos a honra de passar o fim de ano com essa maravilhosa família de gentes de bem e motociclistas de mão cheia, a promessa estava cumprida.

Não satisfeito em nos acordar de manhã muito cedo em São Paulo para nos guiar até a sua casa, distante 100 km da capital paulista, nos levar pra ajeitar a moto, passear, etc o Sr. Mangueira nos guiou até a BR-116 rodando mais 140 km de muita chuva descendo a serra que liga Sorocaba até a entrada da rodovia que nos levara para Curitiba, aproveitou também para dar uma volta na "Princesinha", como é carinhosamente chamada sua Lander 250 que o levará até até os confins da Amazônia.

Assim que adentramos a serra, na cidade de Piedade-SP, com mais de 1000m de altitude, percebemos que a gente ia pegar um pé d'água, só não imaginávamos que a chuva iria durar mais de duas horas, dessa forma passamos um frio jamais visto e que ia se agravando a medida que chegávamos a capital Paranaense, literalmente estávamos ensopados e minha bota acabou não aguentando o excesso de chuva, apesar de ser impermeável, depois de um certo tempo a água entra por cima da calça.

Pra completar, pela primeira vez na viagem não abasteci quando cheguei no posto da BR, acreditando que haveria mais 200 km de autonomia e que até 100 km adiante haveria um posto, mas pela primeira vez também não foi o que aconteceu, há vários trechos na BR-116 que a mesma se divide, geralmente quando se entra nos parques estaduais, e nesse trecho isso aconteceu duas vezes, resumindo a história, o trecho somava quase 100 km sem posto, porém Deus resolve tudo e fomos informados que havia um posto 14 km no retorno para SP após o pedágio, assim fizemos e conseguimos abastecer.

Na hora de sair, o Zé Neris não verificou para que lado eu fui, e eu fiquei esperando na saída e ele não viu, como o retorno estava perto ele acabou entrando na contra mão para voltar para o rumo de Curitiba, vendo isso, tomei o caminho certo, fiz o retorno e ele sumiu, andei mais um pouco e já não sabia se ele estava na frente ou atrás de mim, parei 3 vezes por 10 minutos para ver se ele aparecia e nada, quando finalmente ele atendeu o telefone, disse-me que estava dentro de Curitiba já, mas não sabia ao certo onde. Dessa forma, liguei para o Leonel que foi nos buscar na Rodovia Contorno Leste e consegui localizá-lo no GPS, acabei achando-o distante quase 20 km de mim.

Já na casa do Leonel, e passando muuuuito frio, devido ao vento e roupas molhadas das chuvas que não passavam na estrada, finalmente nos instalamos e nos cobrimos dos pés a cabeça, a temperatura era de 15o. Fomos maravilhosamente recebidos pelo casal Leonel Xavier e Nanci, motociclistas de mão cheia e um coração do tamanho do mundo, tomamos um belo café e a noite uns pastéis bem quentinhos. Mais uma vez estamos nos sentindo em casa, a diferença mesmo é a temperatura, jamais sentida por nós ..